Ainda em estado de graça por ter visto (de pertinho, de novo, inclusive!!) Paul McCartney.
Quantas vezes aquele menino (porque qualquer um que assiste ao show sabe que aquele ser não tem quase 70 anos, que isso só pode ser mentira!) vier, eu vou (com a graça de Deus!). E vou me maravilhar tanto (ou mais!!!) que a primeira e a segunda vezes. Paul, com seu talento, charme e vitalidade, é simplesmente MARAVILHOSO.
Abaixo, a notícia sobre o primeiro show no Rio em forma de um lindo texto. Parabéns, Gustavo Maia, colega jornalista e fã de Sir McCartney (como fica claro na matéria).
Beijos
Lu
Paul McCartney: a lenda materializada diante de 45 mil pessoas
Publicado em 23.05.2011, às 13h08Gustavo Maia Especial para o NE10
Mais de duas horas e meia de transcendência. Absoluta imersão, ídolo e fãs na mesma sintonia. No palco, um artista de 68 anos esbanja uma energia invejável e demonstra o seu impressionante prazer de fazer música. Espalhados pelo gramado e arquibancadas do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, no Rio de Janeiro, cerca de 45 mil pessoas, de diversas gerações, enlouquecidas, histéricas, não conseguem tirar os olhos do homem. Da lenda viva. E como ele está vivo. Paul McCartney dispensa apresentações. Neste domingo (22), no retorno ao Brasil em menos de um ano, o eterno Beatle proporcionou uma daquelas noites mágicas, inesquecíveis. Foi transcendental, como bem descreveu um fã, ou paulmaníaco, como preferiu ser descrito.O cantor inglês deixou até a clássica pontualidade britânica de lado e entrou no palco 14 minutos atrasado. Parece até que ele já se deixou levar pelo clima desapegado dos cariocas. Como que para compensar a falha, ele já começou com tudo. Às 21h44, aos primeiros acordes de Hello, Goodbye, mega-sucesso dos Beatles, do disco Magical Mystery Tour, de 1967, o público já delirava. Na sequência veio Jet, rock grandiloquente da banda Wings, que Paul formou na década de 1970 após a separação do Fab Four. O público cantava junto, sem deixar passar um acorde, servindo como um gigante time de backing vocals.No intervalo entre a segunda e a terceira músicas, McCartney usou do microfone para se aproximar ainda mais dos seus fãs. Incrivelmente simpático, o astro repetiu o que havia feito em 2010, em Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) e se arriscou no português. "Olá, Rio. E aí, cariocas. Boa noite, Brasil. É ótimo estar de volta ao Rio", disse, bem ensaiado. "Esta noite vou tentar falar português, mas vou falar mais inglês", completou. Os 45 mil fãs foram à loucura. Muito porque ver um dos maiores ídolos da música mundial se esforçando para te agradar, com uma generosidade difícil de ser igualada no mundo do entretenimento, é de empolgar qualquer um. É a simpatia de quem, ao final do show, se abaixa para pegar uma camisa jogada no palco, vê que é da seleção brasileira e tem o seu apelido Macca gravado nas costas e diz: "eu sou do time do Brasil, agora é oficial."
E o fascínio parecia ser mútuo. Em dado momento, o público estava tão empolgado que fez o ex-Beatle parar, observar a multidão e comentar: "It's so cool I'm gonna take a moment" (Isso é tão legal que eu vou esperar um momento). "Valeu, obrigado", arrematou. Mas o ápice da relação plateia-banda aconteceu em Hey Jude, já próximo ao fim do show. Sentado no piano, Paul estava em posição privilegiada para assistir a um verdadeiro espetáculo. Por iniciativa do fã-clube do cantor, centenas (talvez milhares) de pessoas levaram cartazes com a sílaba "Na" e levantaram os cartazes assim que a música entrou no famoso refrão: "na-na-na-na-na-na-na". McCartney ficou boquiaberto. Tanto que depois voltou ao palco para destacar que "a coisa do na-na-na foi impressionante".No decorrer da primeira e maior parte do show, muitas canções dos Beatles e do Wings empolgaram, ainda que algumas canções da segunda banda não fossem tão conhecidas, o que não foi nenhum obstáculo à entrega da plateia. Destaque para, alguns dos mais famosos hits da história do Rock'n Roll, como All my loving, The Long and Winding Road, Eleonor Rigby (executada com impressionante semelhança à versão original), Let it be, A Day in The Life e Live and Let Die, música acompanhada de show pirotécnico espetacular.Houve também espaço para homenagens. O maior parceiro de Paul, John Lennon, assassinado em 1980, foi lembrado durante Here Today, linda música escrita pouco depois da sua morte. Na plateia, muitos não resistiram e caíram em prantos. Pouco depois, foi a vez do "tributo ao meu amigo George (Harrison)", falecido em 2001 após luta contra o câncer. A música escolhida foi composta por Harrison e executada inicialmente apenas com um ukelele. Something voltou a ganhar força na hora em que toda a banda retornou ao palco, iniciando o belo solo de guitarras. Foi difícil segurar as lágrimas à medida que fotos de George eram mostradas no telão.Os músicos da banda de apoio de Paul são um show à parte. Cada um tem seu momento de astro, mas quem realmente rouba a cena com performances "monstruosas" é o baterista Abe Laboriel Jr. Em Dance Tonight, do Wings, McCartney pediu que todos prestassem atenção à coreografia do gigante que estava atrás da bateria e levou todos ao riso. Os guitarristas e tecladista também não deixam nada a dever à grandiosidade do evento.
Pausa. Depois de 27 músicas, todos vão ao centro do palco, agradecem. Saem. Ninguém acredita que o show acabou, mas, se tivesse acabado, não seria nada de anormal. Afinal de contas, há espetáculos caríssimos, muito menos inspirados, com duração bem menor. Mas Paul não é assim. É artista generoso. Volta e desfila mais três hits para o êxtase dos beatlemaníacos: Day Tripper, Lady Madonna e Get Back. Não é o bastante. Nunca será, mas ele se esforça em corresponder às expectativas estratosféricas.Ele volta mais uma vez, com a mesma energia de sempre, e ataca com Yesterday. Uma das músicas mais pesadas dos garotos de Liverpool vem em seguida, Helter Skelter. É a face heavy metal dos Beatles. Por fim, chega a hora da música-título do cultuado álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, lançado em 1967. "We hope you will enjoy the show" (Nós esperamos que vocês gostem do show), diz um verso da música. A resposta é óbvia e sonora.O fim de Sgt. Pepper's... se aproxima e a banda logo emenda para os acordes finais de The End, música com título mais que sugestivo para finalizar um show. Eis que a lenda viva começa a cantar os versos mais apropriados para a noite: "And in the end, the love you take is equal to the love you make" (E no final, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá). É, disso ele entende.
Setlist do show1 – Hello, Goodbye2 – Jet3 – All My Loving4 – Letting Go5 – Drive My Car6 – Sing The Changes7 – Let Me Roll It8 – The Long and Winding Road9 – 198510 – Let’em In11 – I’ve Just Seen a Face12 – And I Love Her13 – Blackbird14 – Here Today15 – Dance Tonight16 – Mrs. Vandebilt17 – Eleanor Rigby18 – Something19 – Band on The Run20 – Ob-la-di, Ob-la-da21 – Back in The USSR22 – I’ve Got a Feeling23 – Paperback Writer24 – A Day in Life/ Give Peace a Chance25 – Let it Be26 – Live and Let Die27 – Hey JudeBis 128 – Day Tripper29 – Lady Madonna30 – Get BackBis 231 – Yesterday32 – Helter skelter33 – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e The end
Nota do repórter: Só foi possível fazer essa matéria porque se trata de texto escrito. Caso fosse a voz o meio de reportar essas palavras, o objetivo não seria atingido. A voz se foi lá pela quarta ou quinta música.