quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Transitoriedade da vida


Parece óbvio, mas a vida é curta. Passa rápido. Ontem eu tinha 20 anos. Hoje, tenho 32. E foi praticamente assim: eu acordei, e 12 anos se passaram, sem que eu percebesse. Sempre me diziam que depois dos 15 o tempo voa. Essa é a mais pura verdade.

A minha vida anda, digamos, meio sem sentido. Horrível dizer isso, mas não tenho medo do que digo, porque a verdade é muito cara pra mim. Prefiro-a sobre tudo, mesmo que isso traga dor. Meu futuro é uma tela de um branco tão alvo que dói a vista. Não sei o dia de amanhã (não que alguém o saiba de fato, mas quando se está solteira aos 32 tudo fica ainda mais incerto).

Diante do que vivo e do que vivi, não raramente reflito sobre se o que fiz valeu a pena, se foi tudo em vão, se fiz tudo errado. Não adianta muito. Arrependimento e culpa são palavras que tirei do meu vocabulário, porque nada corrói mais nossa alma. Vivi, fiz, tentei. Se foi o melhor ou não, já foi e não volta. Bola pra frente.

Mas a perda de alguém querido sempre traz ou reforça as reflexões. Hoje, às 7h, fui acordada por uma notícia esperada, mas nem por isso menos triste. Morreu uma amiga, que sobretudo era uma grande amiga da minha mãe. Tinha 84 anos, mas a vontade de viver maior que a minha. Fazia bolos e outros quitutes e dividia-os conosco, naquele tipo de amizade entre vizinhos que já não se encontra mais. Trazia numa bandeja xícaras e um café recém-passado. Fazia arranjos florais para enfeitar nossa casa. E imposição das mãos quando estávamos doentes. Com ela, passamos aniversários e anos-novos. Teve três filhos, perdeu dois para uma mesma doença, igual à que lhe tirou a vida. Foi uma lutadora, uma mulher doce e linda nos seus 84 anos. A vida já teria valido por conhecê-la.

E eu? O que tenho feito da minha? Que lembranças vou deixar? A quem vou deixá-las? Essas são respostas que ainda não tenho. Mas que espero construir de hoje em diante.

5 comentários:

  1. Os meus sentimentos pela vossa perda, amiga.
    Fiquei toda arrepiada com este texto.
    Mas querida, a vida é muito mais do que ter o amor de um homem. É trabalho, é família, é amigos, é aproveitar o tempo livre fazendo aquilo que nos dá mais prazer, e tudo isso está ao teu alcance e sei que desfrutas com muita intensidade.

    P.S. E o amor, esse aparece quando menos esperamos.

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  2. faço minhas as palavras da Gelatina de Morango. o abraço apertado eu dou pessoalmente, na segunda-feira, tá? bjos!

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  3. Olha não te conheço mas o que gostaria de dizer e que por um bom tempo eu me contentava com minha vida de solteira...de viajante...de professora...de ensinar...de ser a tia querida dos meus sobrinhos...mas sempre vi sentido em tudo na minha vida...ate o dia que comecei a me sentir sozinha e me abri sem aspas...sem chaves...sem preconceitos ao amor...sem ficar com peninha de nada e principalmente de mim..isso com 35 anos...
    Conheci alguèm do outro lado do mundo...larguei tudo...e busquei o que realmente eu sonhava...Hoje tenho duas princesas lindas...a primeira veio quando eu tinha 38 anos e a segunda com 40...Hoje tenho 42 anos e nao fico contando o tempo que passou...mas o momento tão feliz...
    Se posso te falar...olhe para dentro de vc e procure o que realmente deseja...peça e virá...beijos Andreia

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